/“Há se eu pudesse ter esses cachinhos”, disse menina com câncer, comovendo casal que ouvindo o desejo, tomou uma decisão

“Há se eu pudesse ter esses cachinhos”, disse menina com câncer, comovendo casal que ouvindo o desejo, tomou uma decisão

O casal Juliana Cleto Moura e Éder Wentz compartilha um grande propósito com o filho, o pequeno João Murilo, que vai fazer dois anos em junho. O menino, que nunca cortou o cabelo, não deve ver uma tesoura tão cedo: ele vai deixar os cachos crescer, um desejo dos pais.

O carinho é uma retribuição a uma manifestação sensível, que mexeu com o coração de Juliana e Éder. O casal, que atualmente mora em Blumenau (SC), conta que a ideia surgiu depois de uma ida ao mercado. “Fui com o João Murilo ao mercado (antes da pandemia) e lá uma menina de uns 11 anos que estava em tratamento de câncer olhou para os cachinhos do cabelo do meu filho e falou: ‘Há se eu pudesse ter esses cachinhos…’.

Comentei isso com o meu marido e a ideia de deixar crescer o cabelo do Murilo e depois doar para alguma criança que estiver carequinha e precisando de uma peruca”, conta a mãe do João Murilo. Assim, motivados pela bondade e com foco na alegria de quem poderá receber os cachinhos do filho, o casal segue na missão e espera terminá-la quando as madeixas alcançarem cerca de 20 cm. Eles sabem que podem não serem vistos com bons olhos diante do machismo e até do preconceito em ver uma criança, um menino, com cabelos longos. “Digo que algumas pessoas hoje em dia se incomodam e já ouvi comentário do tipo: ‘imagina, um menino com cabelo comprido ou, corte esse cabelo, menino não usa cabelo comprido’. Quando explicamos que o cabelo será doado, a pessoa fica sem jeito”, compartilha Juliana.

A mãe também espera com o gesto, devolver ao destino o que ele generosamente lhe deu. Depois de dois abortos espontâneos e de quase desistir do sonho de ser mãe, veio Murilo, uma criança, conforme os pais, desejada e muito amada. O começo da gravidez foi marcado, inclusive, com momentos especiais, como sonhos com mensagens e a certeza da vinda de um filho mesmo antes do diagnóstico. “Por isso, é uma mistura de sentimentos que não tem como definir só de imaginar a felicidade do rosto de uma menina com cachinhos do meu filho”, sorri o pai.

Os cabelos, assim que alcançarem a altura correta, devem ser doados em Blumenau mesmo, onde existe uma casa de saúde para o tratamento contra o câncer. Juliana é filha do anestesista Carlos Eduardo Moura e Maria Virgínia Cleto Moura, de União da Vitória; Éder, natural da cidade de Carazinho (RS), filho de João Luiz Wentz e Auri Terezinha. Murilo tem dois irmãos mais velhos: Brenna e Rhylari.