/“Amarelão” não é um problema do aleitamento no peito, mas pode acontecer durante processo

“Amarelão” não é um problema do aleitamento no peito, mas pode acontecer durante processo

O leite materno é a primeira vacina do bebê, é o elo de mãe com filho, é o alimento ideal e exclusivo até os seis meses. O que poucos sabem é que existem situações pontuais do aleitamento e que eles precisam ser debatidos. Nada melhor do que agora, quando a Semana do Aleitamento Materno é lembrada no mundo todo.

Nas Cidades Irmãs, o hospital APMI trouxe o tema para a discussão: afinal, bebês que mamam no peito também desenvolvem o popular “amarelão”? Para entender bem essa história é precisa saber primeiramente que esse processo, na medicina chamado de Icterícia, pode se exteriorizar de forma importante e grave; se não tratada, pode causar complicações. A máxima, contudo, é de que na maior parte dos casos, as chances do desenvolvimento da Icterícia Fisiológica são de 60%. Ela é simples e aparece já nas primeiras semanas de vida. “Como é algo que sempre existiu e normalmente se resolve com facilidade, as pessoas banalizam. Mas ela é séria e precisa de cuidados”, adverte a administrada do hospital, Antônia Bilinski, ressaltando que independente da causa, todo bebe com sinais do “amarelão” precisam ser monitorados pelo pediatra.

Fotos do Projeto AMAmentAMOR com a Doula Daiane Sander e a Fotógrafa Fernanda Camana

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os bebês amamentados no seio são mais propensos que os bebês alimentados com mamadeira a desenvolver icterícia fisiológica na primeira semana de vida. Níveis mais altos de bilirrubina também foram relatados nesses bebês. Muitos bebês amamentados exclusivamente têm icterícia prolongada associada ao leite materno. É a chamada icterícia do leite materno, que geralmente se desenvolve após a primeira semana e se estende até a segunda e terceiras semanas de vida, podendo continuar por até dois ou três meses. “Vinte por cento dos bebês amamentados podem prolongar até por 30 dias sua icterícia fisiológica. Dependendo dos níveis bilirrubinas, não há necessidade tratamento algum. Os bebês amamentados podem prolongar sua icterícia fisiológica sem nenhum problema e só em casos excepcionais se contra indica o leite materno”, pontua o pediatra e também um dos responsáveis por nossa Uti Neonatal e faço parte do Conselho Administrativo da APMI, Cláudio de Mello.

Embora muitas mães sejam orientadas a suspender o aleitamento, a interrupção temporária da amamentação para diagnosticar e, mesmo tratar, a icterícia do leite materno não é mais recomendada, já que pode comprometer o aleitamento exclusivo, o que é desnecessariamente prejudicial ao bebê e traumático para os pais.

Por isso, recomenda o profissional, a necessidade da gestante/mãe ser orientada desde muito cedo sobre essa possibilidade. “A grande maioria dos bebês fazem icterícia fisiológica, que tem na sua grande maioria resolução espontânea”, tranquiliza o pediatra. Em outras situações, porém, em casos graves de incompatibilidade sanguínea Rh ou ABO, o risco é maior para os bebês. “A orientação dos Pediatras e do Ambulatório Amamentação e Icterícia Neonatal é de suma importância. Ele tem como tem como objetivo principal, facilitar esta monitorização sob orientações de nossos pediatras. Além disso, a APMI estimula o processo amamentação com orientações, ambulatório amamentação e seguimento do processo Hospital Amigo da Criança”.

BANHO DE LUZ
A icterícia é uma alteração fisiológica chamada de “amarelão” justamente por deixar o recém-nascido com uma tonalidade amarelada na pele e também no branco dos olhos. A cor amarela se manifesta primeiro no rosto, entre o segundo e terceiro dia após o nascimento do bebê. Em seguida, se espalha para o tórax, abdome e pernas. Isso acontece por causa de um acúmulo de bilirrubina no sangue, pois o fígado apresenta dificuldade em absorver toda essa substância de cor amarela, que acaba se acumulando no sangue.

Em geral, a tonalidade amarelada acaba regredindo por conta própria, por volta do décimo dia do nascimento do bebê. Quando isso não acontece, é necessário que o bebê receba o banho de luz, ou fototerapia. Isso porque, se a bilirrubina ultrapassar os limites toleráveis, poderá se acumular no cérebro do bebê, causando danos permanentes no sistema nervoso e afetando o seu desenvolvimento.

DEPOIMENTO
A colega Mariana Honesko deu um depoimento sobre os problemas que teve durante o aleitamento dos seus filhos, Derek, 11, e Maria Clara, 5. Assista aqui: .