Hagata Kauany viu o Natal de 2020 se transformar num pesadelo. Sua história é separada por uma linha fina entre a falta de sorte e a fatalidade. O resto, é tragédia.
Tudo começou no dia 24 de dezembro, quando a família de Hagata, depois de muito esforço, consegue finalmente passar o Natal na praia. Mas, cerca de duas horas após a chegada à casa onde ficariam hospedados, em Itapoá, litoral de Santa Catarina, Hagata vai até a área externa do imóvel e decide brincar na rede de balanço. Então, a estica e quando vai alcançar o gancho, uma das vigas da casa desmorona sobre sua cabeça. Desmoronou ali também, todos os planos de um final de ano de paz e tranquilidade. O sonho de ficar à brisa do mar, escapou, como a areia da praia escapa das mãos.
Conforme Patrícia, mãe da garota, Hagata desmaiou, ficou muito ensanguentada por conta dos ferimentos e o desespero dos minutos seguintes eram como nuvens escuras. A menina foi levada ao hospital da cidade, mas, diante da gravidade de seu quadro, imediatamente foi transferida para Joinville, município de grande porte e referência em atendimento de saúde.
Hagata chegou em coma, em estado gravíssimo, com traumatismo craniano, entubada. A menina passou 13 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A história também tem seus milagres de Ano Novo: para a felicidade de todos, no dia 7 de janeiro deste ano, mostrando boa recuperação – e mesmo tendo perdido dez quilos – a menina recebeu alta. A família, que é de União da Vitória, volta para casa. Porém, um novo capítulo começava a ser desenhado.
“Ela foi se agravando. Os médicos disseram que era asma, depois bronquite. Entre nós da família, fizemos uma vaquinha, pagamos uma consulta e descobrimos que o caso dela tinha se agravado para um estreitamento da laringe, pós intubação. Não sei se houve erro médico, não posso falar, mas foi pós intubação”, explica Patrícia.
Por conta dessa sequela, Hagata faz uso de uma traqueotomia, mas, para ter uma melhor qualidade de vida, precisa de uma cirurgia para reconstrução da laringe. A intervenção, conforme já apurou a família, só é feita em dois hospitais brasileiros e custa R$ 100 mil. A cirurgia também existe pelo Sistema Único de Saúde (SUS), só que existe uma fila de espera e a família deseja acelerar esse processo para devolver a qualidade de vida e o sorriso para o rostinho de Hagata. “Com a traquio, ela não consegue tomar um banho decentemente, nadar que era algo que ela tanto amava! Hoje ela não gosta muito de sair mais, tem vergonha, medo de que as crianças fiquem perguntando o que aconteceu. Além disso, a traquio tem que ser limpa de três a quatro vezes no dia. É bem complicado”, lamenta a mãe.
