/Artesãos buscam recursos para conclusão de obras no Armazém 1

Artesãos buscam recursos para conclusão de obras no Armazém 1

A ideia dos membros da Associação dos Artesãos vai muito além de ser referência para o encontro de souvenires. Unidos, eles buscam trabalhar com qualidade, pelo resgate e manutenção de técnicas quase extintas e acima de tudo, pela valorização da cidade. Por isso, em Porto União, um grande movimento acontece bem ali, no centro da cidade, no Armazém 1, na Estação União, próximo do monumento do Centenário.

O imóvel, tombado duplamente pelos patrimônios históricos Municipal e Estadual, recebe uma intervenção grandiosa e que deve ser concluída em dezembro. No fim do ano passado, a Associação foi contemplada com o Premio Elisabete Anderle de Estimulo à Cultura, no quesito Patrimônio Material, Restauro, Conservação e Adequação. A iniciativa é da Fundação Catarinense de Cultura, do Governo de Santa Catarina. “Os recursos são de R$ 80 mil e estamos espichando até onde podem mas vamos precisar de um aditivo. Estamos abertos à voluntários para patrocinar o restante do que falta”, diz, Raque Storck, artesã que está à frente dos trabalhos.

Artesãs lideram projeto de captação de recursos para restauração do Armazém 1

O telhado, que estava bastante deteriorado conforme as artesãs, demandou bastante tempo de obra e de recursos. Apenas nele, foram aportados mais da metade de todo o recurso do Prêmio. “Chovia muito para dentro, colocamos calhas, isso tudo numa primeira fase. Ai, iniciamos a segunda etapa, com a colocação das paredes, copa, banheiro. Encontramos uma empresa muito parceira que vem ajudando muito e que fazem tudo”, conta Ideli Schwegler. A conta que não fecha é fruto do desencontro das planilhas do projeto. É que os valores levantados na época do projeto, em 2020, não combinam mais com os preços praticados agora, em 2021. “Estamos vendo como fazer essa captação. Precisamos de pouco mais de R$ 18 mil e essa doação, esse patrocínio, é permitido”, compartilha Raquel. As artesãs sugerem, por exemplo, a cessão de portas para o Armazém, produto que para comprar custaria muito e que cedido voluntariamente, seria muito bem-vindo.

Armazém 1

O imóvel tem mais de 80 anos e compõe um conjunto de outros barracões idênticos construídos na época de ouro da ferrovia. Quando o modelo se extinguiu, na década de 90, os barracões se tornaram, a maior parte do tempo, depósitos de materiais e assim, acabaram sendo sucateados. “Acho um desaforo isso ter acontecido. Sabemos que existe um projeto maior para restauração desde 2009 e que nunca foi feito nada”, lamentou Raquel.

Projetos

A Associação dos Artesãos fez uma solicitação à Superintendência do Patrimônio da União (SPU) de Santa Catarina de cessão de uso para a entidade. O documento está em terceira análise e o desejo, é o de ganhar o espaço para cuidar dele. “Comecei há três anos e de lá para cá, só está crescendo a entidade e esperamos que a associação só cresça cada vez mais. É uma forma de honrar nossos antepassados e divulgar esse espaço tão bonito”, diz, entusiasmada, Lindarci, artesã membro da Associação. “Para mim é um sonho ver o barracão ser usado. Meu tio era um ferroviário. Via isso tudo sendo usado, era lindo. Agora com a ideia de fazer nossa loja, é uma alegria!”, compartilha Ermínia, outra artesã da entidade.

Para Therezinha Wolff, ativista dos projetos culturais nas Cidades Irmãs, a restauração é um presente para a comunidade e um resgate especial. “Como filha de ferroviário que sou, homem que trabalhou na Rede de Viação Paraná – Santa Catarina desde quando a estação era de madeira, que vibrou com a nova estação, com o brilho da granilha que a revestia tal uma capa nobresca, cumprimento a equipe que valorosamente concluiu parte do projeto”, afirma.

Fotos: Mariana Honesko