/Quase sete em cada dez crianças no trabalho infantil são pretas ou pardas, aponta IBGE

Quase sete em cada dez crianças no trabalho infantil são pretas ou pardas, aponta IBGE

O trabalho infantil no Brasil tem perfil definido: a maioria das crianças e adolescentes nessa condição é preta ou parda e do sexo masculino. É o que revelam os dados da pesquisa sobre trabalho infantil no Brasil, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE, no estudo “PNAD Contínua Trabalho de Crianças e Adolescentes 2023”.

Enquanto a participação de pessoas brancas em situação de trabalho infantil chega a 33,8% – abaixo da proporção de 39,9% da população branca nessa faixa etária — a de menores de cor preta ou parda atinge 65,2%, superando a sua representação de 59,3% na população de 5 a 17 anos.

Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo

Em outras palavras, significa dizer que quase 7 em cada 10 crianças e adolescentes no trabalho infantil são pretas ou pardas. “Observamos mais pessoas de cor preta ou parda (nessas condições)”, destaca Gustavo Geaquinto Fontes, analista da pesquisa.

Meninos são mais expostos ao trabalho infantil

Os meninos também são mais afetados pelo trabalho infantil do que as meninas. Eles representam 63,8% do total, enquanto elas ficam com 36,2%. Os padrões de cor e gênero se mantêm quando se analisam as crianças que exercem ocupações da lista de Trabalho Infantil Perigoso (TIP). A maioria dos menores inseridos nas piores formas de trabalho são homens, somando 76,4%. Além disso, 67,5% dos jovens são de cor preta ou parda.

Impacto na frequência escolar

A pesquisa também revela o impacto do trabalho infantil na frequência escolar. Enquanto 97,5% da população de 5 a 17 anos frequentavam a escola, esse percentual cai para 88,4% entre os que exerciam atividades fora do permitido por lei.

Os números apontam que as crianças vão deixando de lado a escola conforme a idade avança. A diferença começa a aparecer entre os jovens de 14 e 15 anos. Segundo a pesquisa, 98,3% dos brasileiros nessa faixa etária frequentam a escola. Já entre os que têm essa idade e trabalham, o percentual é de 94%.

Na faixa de 16 e 17 anos, essa disparidade é maior: 90% da população dessa faixa etária estão na escola, percentual que cai para 81,8% entre os que exercem algum tipo de atividade. “À medida que a idade aumenta, a jornada de trabalho tende a ser maior e o comprometimento da frequência escolar também é maior” analisa Fontes, do IBGE.

Fonte: Carolina Nalin – O Globo