O número de médicos formados no Brasil vem crescendo todos os anos. Em média, 5%, especialmente desde os anos 90. Mas, concluir a graduação há 50 anos era algo bastante desafiador. Encarou a missão e por ela recebeu reconhecimento especial do Conselho Regional de Medicina (CRM), o médico Cláudio de Melo, chefe do Serviço de Pediatria do hospital APMI. Neste ano, o profissional celebra seu Jubileu de Ouro na carreira escolhida ainda jovem, na capital do boné, Apucarana, cidade do Norte Pioneiro do Paraná, onde nasceu.
De família humilde, Cláudio de Melo foi o primeiro médico da família. Voou longe, alegrando o coração do pai, borracheiro, e da mãe, dona de casa. Viveu com dedicação o período acadêmico: foram seis anos de faculdade, além dos dois anos de residência médica, todos concluídos na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná e no complexo hospitalar Hospital Pequeno Príncipe, ambos, em Curitiba.
Encontrou uma ação social na Pediatria, uma força de ajudar o próximo. “Na época, as desidratações ceifavam muitas vidas e aquilo me sensibilizou muito. Eu me interessava muito nos cálculos que fazíamos para planos de hidratação e fui gradualmente me interessando também cada vez mais nas patologias da infância”, conta. Focado, cravou sua especialidade no quarto ano do curso e, por ela, apaixonou-se cada vez mais.
Este amor pela infância e sua preocupação com temas sensíveis a essa faixa etária tão sensível o levaram a persistir em avançar em causas tão nobres quanto à desidratação que lhe tirava o sossego na época da faculdade. Já no Vale do Iguaçu – nas Cidades Irmãs, Doutor Cláudio atua há 42 anos – e membro do corpo clínico da APMI, desempenhou papel fundamental na criação e organização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. “Onde até hoje mantenho minhas atividades”, conta. Sem dúvida, esta UTI fez com que nossas cidades tivessem uma redução importante nos indicadores de Mortalidade Infantil”.
É de sua autoria, ainda, a criação do Ambulatório de Amamentação e Icterícia Neonatal. “Era uma carência e depois de muita luta, abrimos uma sala bonita, com profissionais experientes, com paciência, com dedicação. Até hoje, este espaço é inédito na maioria das maternidades do Paraná”, disse.
Referência
Doutor Cláudio foi disruptivo em sua família e hoje, se tornou referência. Já perdeu a conta de quantas crianças e jovens atendeu nos hospitais, nas emergências, em seu consultório. Em casa, é ídolo e como tal, foi copiado. Casado, é pai de duas mulheres: uma dentista e uma médica. A herança continua: sua neta, Ana Júlia, recentemente se formou em Medicina também. “Tenho muito orgulho de deixar como legado, uma filha e uma neta, que seguiram meus passos e ensinamentos”, diz.
Lamenta o aviltamento médico que ocorre nas recentes gerações, “possivelmente fruto da mercantilização e abertura desenfreada de novas faculdades. Para os jovens futuros médicos, aconselha. “Recomendo que trilhem esta profissão com muita dedicação, estudos contínuos e muita ética médica”, diz, do alto de seus 76 anos.