Após certa bonança no primeiro semestre, comprar carnes no supermercado ficou mais caro neste fim de ano. A tendência é que o preço do churrasco do brasileiro suba ainda mais, dizem economistas.
Em setembro, os preços da carne bovina para o consumidor subiram 7,2% em relação ao mesmo mês de 2023. A alta fez com que o consumo dessa proteína caísse 1,8%, na mesma base de comparação – primeira retração registrada neste ano.
Os números são de um levantamento da consultoria Scanntech que analisou preços em cerca de 45 mil pontos de venda no país. Para chegar aos cálculos, APIs (aplicações automatizadas) usam os dados de faturamento e volume vendido em kg.
Em todo o país, o preço médio nacional da carne vermelha subiu a R$ 28,65 em setembro. No mesmo mês de 2023, a cifra havia ficado em R$ 26,74, quando os preços já apresentavam tendência de queda -diferentemente do observado neste ano.
A saída adotada pelo brasileiro foi substituir as carnes por ovos e peixes.
O consumo desses itens aumentou 27,1% e 6,2%, respectivamente, em setembro deste ano em relação ao mesmo mês de 2023, por causa da redução de preço. O ovo ficou 10,1% mais barato, e o peixe, 0,3%, na mesma base comparativa.
Acompanharam a alta nos preços a carne de frango, que subiu 11,7% em setembro, e a carne suína, 17% mais cara na comparação com o ano passado.
Os dados da consultoria são um retrato dos números apresentados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice que mede a inflação oficial do país.
Em setembro, os preços das carnes ficou 2,97% mais caros, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para outubro, a tendência, sinalizada pelo IPCA-15, também é de alta.
Mercados aquecidos, dólar e ciclo da pecuária explicam alta
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, a demanda aquecida tanto nos mercados interno e externo é apenas um dos fatores que explicam a alta nos preços da carne bovina.
No setor interno, mercado de trabalho aquecido, taxa de desemprego baixa e maior poder de compra nos domicílios elevam a demanda por produtos sensíveis à renda, como carnes e lácteos, afirma Felippe Serigati, pesquisador da FGV Agro.
O cenário no mercado externo também é de alta procura pela carne do Brasil, um dos poucos países que expandiu seus abates nos últimos anos, ou seja, tinha oferta suficiente para atender a demanda internacional.
Fonte:Folhapress: Vinícius Barboza – Banda B