A ansiedade tem se tornado uma das condições de saúde mental mais comuns na sociedade contemporânea. Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo convivem com transtornos de ansiedade.
Para entender melhor esse fenômeno, conversamos com a psicóloga Dra. Angélica Berres, que utiliza a psicanálise como principal abordagem, oferece insights sobre como evitar e gerenciar a ansiedade no dia a dia. Além de atender na sua clínica particular, a Doutora também trabalha com perícias judiciais nas Varas da Infância, Juventude e Família e leciona disciplina de Psicologia Jurídica no curso de Direito da UNESPAR.
O que é ansiedade?
A ansiedade é uma resposta natural do corpo a situações de estresse, mas quando se torna excessiva, pode afetar a qualidade de vida. “A ansiedade, sob a perspectiva psicanalítica, é fundamentalmente um sinal do ego frente a uma situação de perigo, seja ela real ou imaginária. Freud a definiu como uma reação emocional complexa que funciona como um alerta para o organismo. Diferente do medo, que tem um objeto específico, a ansiedade é mais difusa e muitas vezes não conseguimos identificar claramente sua origem. Pense num detector de fumaça: ele dispara quando sente cheiro de queimado, mesmo que você ainda não veja chamas. Do mesmo modo, a ansiedade funciona como um alarme interno que avisa que algo dentro de nós se sente ameaçado. Quando essa resposta se torna desproporcional aos estímulos ou interfere significativamente no funcionamento diário da pessoa, estamos diante de um transtorno de ansiedade”, explica a Dra Angélica.
Essa condição pode se manifestar de diversas formas, incluindo transtornos de ansiedade generalizada, fobias, transtorno do pânico, entre outros.
Causas da ansiedade
Conforme a especialista, as causas da ansiedade são multifatoriais. “Na abordagem psicanalítica, entendemos que a ansiedade surge de um conflito entre o id, o ego e o superego – as três instâncias psíquicas propostas por Freud. Esse conflito pode ser desencadeado por desejos reprimidos, experiências traumáticas não elaboradas ou pela pressão das exigências sociais internalizadas. Há também fatores biológicos e hereditários que predispõem algumas pessoas a desenvolverem transtornos ansiosos. O que observamos na clínica contemporânea é um aumento significativo dos casos, muito relacionado ao ritmo acelerado da vida moderna, à hiperconectividade digital e à constante pressão por desempenho e produtividade. A pandemia também intensificou esse quadro, trazendo incertezas e mudanças bruscas na rotina que muitos ainda não conseguiram processar adequadamente”, afirma.
Além disso, a pressão social e as exigências do dia a dia, como trabalho, relacionamentos e a presença constante da tecnologia, têm potencializado esses problemas.
Prevenção e manejo da ansiedade
A doutora destaca a importância de estratégias de prevenção e manejo da ansiedade.
Aqui estão algumas dicas práticas:
Autoconhecimento e escuta do corpo
“O processo de autoconhecimento é fundamental para identificar os gatilhos da ansiedade. A psicanálise nos ensina a importância de reconhecer e acolher nossas emoções, mesmo as desconfortáveis, em vez de reprimi-las. Recomendo a prática diária de momentos de introspecção, onde a pessoa possa observar seus pensamentos e sensações corporais sem julgamento. Técnicas como a escrita livre, meditação e práticas de respiração consciente podem auxiliar nesse processo, ajudando a estabelecer uma relação mais saudável com as próprias emoções e reduzindo a intensidade das respostas ansiosas.”
- Estabelecimento de limites saudáveis
“Na sociedade atual, somos constantemente estimulados a estar disponíveis e produtivos o tempo todo, o que gera uma sobrecarga significativa. Estabelecer limites claros entre vida pessoal e profissional, aprender a dizer ‘não’ quando necessário e criar rotinas que incluam momentos de descanso são práticas essenciais. Do ponto de vista psicanalítico, isso representa um fortalecimento do ego, permitindo que a pessoa reconheça suas próprias necessidades e limites, sem se deixar dominar pelas exigências externas ou pelos impulsos internos desregulados. Recomendo também a redução do tempo de exposição às redes sociais e notícias, que frequentemente alimentam comparações e preocupações desnecessárias.”
- Busca por suporte profissional e social
“O tratamento psicanalítico oferece um espaço seguro para explorar os conflitos inconscientes que podem estar na raiz da ansiedade. Através da fala e da livre associação, o paciente tem a oportunidade de elaborar experiências traumáticas e ressignificar padrões de pensamento e comportamento. Além da psicoterapia, cultivar relações interpessoais significativas e uma rede de apoio social sólida funciona como fator protetor contra a ansiedade. Atividades físicas regulares, alimentação equilibrada e sono de qualidade também são fundamentais, pois corpo e mente estão intrinsecamente conectados. Lembro sempre aos meus pacientes que buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de autocuidado e responsabilidade com o próprio bem-estar.”
- Exercício Físico Regular:
A atividade física é uma excelente maneira de liberar endorfinas, substâncias que promovem o bem-estar e reduzem o estresse. “O exercício físico vai muito além da simples liberação de endorfinas. Ele representa uma importante via de integração entre corpo e psiquismo, permitindo a expressão e elaboração de conteúdos inconscientes que, de outra forma, poderiam se manifestar como sintomas ansiosos. É sempre recomendado a prática regular de atividades que proporcionem prazer genuíno –seja caminhada, natação, yoga ou qualquer outra –, pois o componente de satisfação é fundamental para a eficácia terapêutica do exercício. Não se trata apenas de seguir prescrições mecânicas, mas de encontrar formas de movimento que ressoem com sua singularidade e permitam uma experiência de presença e integração”, recomenda Dra Angélica.
- Alimentação Balanceada:
Nutrição adequada desempenha um papel crucial na saúde mental. Alimentos ricos em ômega-3, como peixes, e aqueles com alta concentração de vitaminas do complexo B, podem ajudar a regular.
Psicóloga Angélica Berres atende na Rua Benjamin Constant, 587, sala 204 – Business Gold – Centro de União da Vitória – PR
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