Lidar com a birra infantil é uma das tarefas mais desafiadoras para os pais. Esse é um comportamento comum entre as crianças em determinadas fases do desenvolvimento e compreender as causas por trás desses momentos de explosão emocional pode ajudar os pais a lidar de forma mais eficaz.
Nessas horas, a grande dúvida é: como encontrar o equilíbrio entre estabelecer limites e permitir que as crianças desenvolvam sua independência? Pensando nisso, a psicóloga Luma Nicoluzi Zucchi traz dicas para os pais de como agir nestas situações.

A cena é bastante comum principalmente nos primeiros anos de vida da criança, se tratando basicamente de uma manifestação do pequeno que não está de acordo com a regra que o adulto determinou ou que determinada situação se desencadeou. A birra é especialmente frequente entre 1 e 4 anos, com pico por volta dos 2 anos, fase conhecida como “adolescência do bebê”.
“As birras são esperadas no desenvolvimento infantil, especialmente entre 1,5 e 4 anos. Elas fazem parte do processo de desenvolvimento da autorregulação emocional e comportamental, que ainda está em formação nesse período“. explica a psicóloga.
A psicóloga alerta que as birras podem ser um sinal de algo mais preocupante quando “ocorrem com muita frequência, são muito intensas ou duram mais de 15 minutos regularmente, a criança se machuca ou machuca os outros, persistem após os 5 anos com alta intensidade e quando há dificuldade significativa em se acalmar mesmo com ajuda“.
“Esses sinais podem indicar dificuldades em autorregulação emocional, transtornos disruptivos, ou mesmo aspectos do neurodesenvolvimento (como TDAH ou TEA), e podem justificar uma avaliação psicológica ou multidisciplinar“, explicou.
Luma Nicoluzi Zucchi orienta como prevenir:
* Estabeleça rotinas previsíveis (segurança e estrutura reduzem frustrações).
* Nomeie emoções com frequência: “Você está bravo porque queria brincar mais?”
* Antecipe frustrações: Dê avisos sobre mudanças (“Faltam 5 min pra guardar os brinquedos.”).
* Ofereça escolhas limitadas: Isso aumenta a autonomia.
Exemplo: “Quer escovar os dentes com o copo azul ou verde?”
Durante a birra:
* Mantenha a calma. O adulto precisa ser o regulador externo da criança.
* Não ceda à birra. Isso reforça o comportamento.
* Valide os sentimentos, mas mantenha o limite.
Exemplo: “Eu entendo que você ficou bravo, mas não podemos pegar o doce agora.”
* Fique perto (se seguro) e acolha com firmeza.
Exemplo: “Estou aqui. Quando você se acalmar, conversamos.”Depois da birra:
* Converse sobre o que aconteceu. Ajude a criança a refletir.
* Ensine alternativas: “Da próxima vez que ficar bravo, você pode bater o pé ou me chamar.”
* Reforce positivamente os momentos em que ela se acalmou ou pediu ajuda.
Embora possa interromper o comportamento momentaneamente, o castigo não ensina a criança a lidar com emoções ou agir de forma diferente. Ele gera medo, ressentimento ou vergonha, e pode prejudicar o vínculo com os cuidadores.
Por que o castigo não funciona a longo prazo?
* Não ensina autorregulação.
* Não desenvolve empatia ou responsabilidade.
* Pode gerar baixa autoestima e comportamentos de oposição.
* Atua por medo, não por compreensão.
Se a criança faz uma birra e o adulto cede (por exemplo, dá o doce ou permite algo que tinha sido negado), o cérebro infantil aprende que: “Se eu gritar, chorar ou me jogar no chão, eu consigo o que quero.” Esse é um exemplo de reforço negativo: a criança aprende que o comportamento funciona e tende a repeti-lo nas próximas vezes.
A Psicóloga também alerta que o adulto precisa aprender a não se guiar pelo julgamento dos outros. “Durante uma birra, muitos pais ou cuidadores se sentem envergonhados ou pressionados a ‘controlar’ a criança rapidamente para evitar olhares ou críticas“. Isso pode levá-los a:
* Ceder só para “acabar logo” com a cena;
* Usar punições mais duras do que usariam em casa;
* Se afastar da escuta e do acolhimento.
Luma Nicoluzi Zucchi também destaca que não dá para eliminar todas as birras mas dá para prevenir muitas delas com rotina, empatia, limites claros e antecipação.
“Crianças que se sentem seguras, compreendidas e ouvidas tendem a reagir com mais equilíbrio emocional”.
Uma avaliação psicológica completa ajuda a compreender as causas e a definir intervenções adequadas para a criança e sua família.
* Diagnóstico precoce de dificuldades emocionais ou comportamentais;
* Apoio para a criança desenvolver habilidades de regulação emocional;
* Orientação para pais e cuidadores sobre manejo efetivo das birras;
* Melhora na qualidade de vida familiar e escolar;
* Prevenção de problemas futuros relacionados à saúde mental.
Sobre a psicóloga Luma Nicoluzi Zucchi
Psicóloga formada desde 2022, com experiência no atendimento de crianças, adolescentes e adultos. Atualmente, em formação em Neuropsicologia, ampliando meus conhecimentos para uma atuação ainda mais qualificada. Trabalho pautado no acolhimento, escuta sensível e na busca por caminhos que promovam saúde emocional e autoconhecimento. Especialista em ansiedade.
Contato: (42) 99988-2053
Insta: @psicologalumazucchi
Atendimentos presenciais em União da Vitória e em Paulo Frontin