Neste mês de outubro foi comemorado o Dia das Crianças e a data não precisa ser apenas de consumo e gastos extras no orçamento familiar. A data também pode ser uma oportunidade para ensinar valores importantes e desenvolver a consciência financeira dos pequenos. Com criatividade e diálogo, as famílias podem transformar esse momento em uma experiência que une diversão, responsabilidade e aprendizado.

É o que destaca a psicóloga Luma Nicoluzi Zucchi do Vale do Iguaçu, a qual ressalta que os pais também podem envolver as crianças na economia doméstica desde cedo, o que pode contribuir para que elas cresçam entendendo o valor do dinheiro, a importância de escolhas conscientes e o impacto que pequenas atitudes têm no dia a dia da casa.

A psicóloga explica que algumas formas práticas podem ser utilizadas para incluir as crianças nesse processo de organização e disciplina.

1. Mesada educativa

Uma boa alternativa é as famílias adotarem a mesada ou ‘semanada’. “A mesada ou a semanada é uma ótima oportunidade para ensinar responsabilidade e autonomia desde cedo. Quando a criança tem um valor fixo, ela aprende a lidar com escolhas entender que, se gastar tudo hoje, talvez não consiga comprar o que quer amanhã. O importante é que os pais conversem sobre o valor, os combinados e ajudem a criança a refletir sobre suas decisões, sem punições, mas com diálogo e orientação”, explica a psicóloga.

2. Envolver as crianças nas compras

As famílias podem levar as crianças ao mercado, fazendo com que seja uma aula prática. “Levar as crianças ao mercado é uma verdadeira aula de vida prática. Elas podem observar preços, comparar produtos e perceber que as escolhas têm um custo. Isso ajuda a desenvolver noções de valor, planejamento e até gratidão pelo que têm. O mais importante é transformar o momento em algo leve e educativo, não em uma lista de ‘pode ou não pode’, mas sim em uma conversa sobre prioridades”, orienta.

3. Criar uma “Caixinha dos Sonhos”

As famílias podem incentivar a criança a guardar parte do dinheiro para conquistar algo que queira. “A Caixinha dos Sonhos é uma ferramenta lúdica e muito significativa. Ela ajuda a criança a aprender sobre esperar, planejar e conquistar habilidades essenciais para a vida adulta. Quando a criança guarda um pouco de dinheiro para algo que deseja, ela vive a experiência de sonhar e realizar, o que fortalece autoestima e senso de competência”.

4. Ensinar a evitar desperdícios

É importante mostrar que apagar a luz ao sair do quarto ou fechar a torneira ao escovar os dentes também impacta no orçamento e no planeta. “Evitar desperdícios é um aprendizado que vai além do dinheiro é sobre responsabilidade e cuidado com o mundo. Quando a criança entende que apagar a luz ou fechar a torneira faz diferença no orçamento da casa e no planeta, ela desenvolve empatia e consciência coletiva. Pequenos gestos do dia a dia se tornam grandes lições de cidadania”, orienta.

5. Inventar brincadeiras

Brincar de “loja em casa” ou com jogos de tabuleiro com dinheiro de mentira ajuda a introduzir conceitos de troca, poupança e investimento. “Brincar é o caminho natural pelo qual a criança aprende. Brincadeiras como montar uma lojinha, jogar banco imobiliário ou usar dinheiro de faz de conta tornam o aprendizado sobre finanças algo divertido e concreto. Assim, conceitos como troca, economia e planejamento são compreendidos de forma espontânea, dentro do universo infantil”, comenta a psicóloga.

6. Estimular doações

As famílias podem envolver os filhos em doações de roupas, brinquedos ou alimentos. “O ato de doar é uma forma muito bonita de trabalhar empatia e desapego. Quando a família convida a criança a escolher brinquedos, roupas ou livros para doar, ela aprende que o que já não serve para ela pode fazer alguém muito feliz. Esse tipo de vivência ajuda a desenvolver valores como solidariedade, compaixão e senso de comunidade que são tão importantes quanto aprender sobre o uso do dinheiro”.

7. Conversar sobre dinheiro

De maneira simples, é possível explicar para a criança como a família organiza o que ganha e o que gasta. “Falar sobre dinheiro com as crianças é falar sobre vida real, e isso não precisa ser algo complicado. É possível explicar de forma simples como a família organiza o que ganha e o que gasta, o que é prioridade e o que precisa esperar. Esse tipo de conversa ajuda a criança a entender limites de forma saudável, sem gerar culpa ou preocupação mas com clareza e segurança”, orienta.

A psicóloga também complementa. “E aqui vale um ponto essencial: o exemplo. As crianças aprendem muito mais pelo que veem do que pelo que ouvem. Por isso, quando os adultos fazem escolhas conscientes, falam sobre seus próprios aprendizados e mostram equilíbrio em relação ao consumo, ensinam na prática o que é uma relação saudável com o dinheiro”, explicou.

Outra dica importante é dar exemplo: É muito importante a família avaliar sua relação com o dinheiro, fazer escolhas conscientes e ser referência para as crianças da casa.

O mês das crianças é um ótimo momento para refletir sobre valores que vão muito além dos presentes. Falar sobre dinheiro, consumo e generosidade é também falar sobre emoções, limites e convivência. Quando os pais envolvem os filhos nessas pequenas lições do dia a dia, estão ajudando-os a desenvolver responsabilidade, empatia e autoconfiança bases essenciais para um crescimento emocional saudável.

Sobre a psicóloga Luma Nicoluzi Zucchi

Psicóloga formada desde 2022, com experiência no atendimento de crianças, adolescentes e adultos. Atualmente, em formação em Neuropsicologia, ampliando meus conhecimentos para uma atuação ainda mais qualificada. Trabalho pautado no acolhimento, escuta sensível e na busca por caminhos que promovam saúde emocional e autoconhecimento. Especialista em ansiedade.

Contato: (42) 99988-2053
Insta: @psicologalumazucchi
Atendimentos presenciais em União da Vitória e em Paulo Frontin