/Preço dos alimentos sobe e mais altas são esperadas. Saiba o que está acontecendo

Preço dos alimentos sobe e mais altas são esperadas. Saiba o que está acontecendo

Dólar alto, consumo maior da China, recuperação na Europa e Ásia, quebra de safra, período de entressafra. Uma conjunção de fatores ruins fez aumentar os preços dos produtos mais consumidos da cesta básica no país.

FONTE: O Globo (Cássia Almeida) Foto: Gustavo Azeredo.

Feijão, arroz, carne, leite, óleo de soja já subiram bastante, e mais altas são esperadas, já que os preços no atacado ainda estão subindo. Café e trigo, com efeito no pão francês, massas e biscoitos devem deixar o café da manhã mais caro ainda.

Segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) responsável pelos índices de preços da instituição, um dos fatores mais preponderantes nessa alta é a valorização do dólar.

Em agosto do ano passado, o dólar valia R$ 4,02. Um ano depois, R$ 5,46, uma alta de 36%. Essa desvalorização do real fez os preços de produtos como soja, milho, carnes, que são cotados internacionalmente em dólar, subissem mais.

Além disso, tornou o produto brasileiro mais competitivo no mercado externo, fazendo a produção ser mais dirigida para o exterior desde o início da pandemia.

— Com o dólar mais alto, as exportações brasileiras ganham competitividade. Maior exemplo é a carne. A China tem comprado todos os tipos de carne e aumentado a demanda internacional. Os preços em dólar também estão subindo. O mesmo aconteceu com a soja, o que aumenta o custo da pecuária que usa o farelo de soja e milho para ração — explica o economista.

No atacado, a soja já subiu 61% nos últimos 12 meses, o farelo de soja, 51%, e o óleo refinado, 52,8%. Além das carnes, o leite também sobe mais. Sofre os mesmos efeitos da alta da soja, que é usada para alimentar os animais, e ainda há entressafra, com as pastagens prejudicadas pelo tempo frio, o que também diminui a produção de leite, explica Braz.

Já o feijão carioca subiu 43,7% este ano no atacado. Quebra de safra explica a alta. Fornecido basicamente por agricultura familiar, safra menor explica a alta. Mas os preços já começam a cair. O IBGE mostrou que em julho ficou 6% mais barato para o consumidor.

O arroz segue a lógica do mercado internacional: preço subiu e as exportações ficaram mais vantajosas. O produto subiu 15,69% no ano até julho, mas no atacado, a saca vem subindo sistematicamente. Em agosto, subiu 39%.

O auxílio emergencial de R$ 600 mensais pago a mais de 60 milhões de pessoas foi outro amortecedor de preços dos alimentos, por manter e até aumentar o consumo, inclusive no início da pandemia.

FONTE: O Globo (Cássia Almeida) Foto: Gustavo Azeredo.